Gatos sem mãe

Como cuidar de gatos recem nascidos sem a mãe presente!

 
Não é fácil, vai implicar muita dedicação e disponibilidade, mas quem já o fez, sabe o quanto é gratificante e enriquecedor quando se consegue que alguns destes pequeninos animais se desenvolvem e transformem em lindos e saudáveis bichanos, prova viva de que é possível contrariar a crueldade e perversidade de alguns humanos (é verdade que por vezes acontece algum acidente com a gata mãe, mas infelizmente a experiência mostra-nos que a maior parte dos casos tem origem no abandono de ninhadas indesejáveis).



Se encontrou gatinhos órfãos com poucos dias de vida, a primeira coisa que deve fazer é tentar mantê-los quentes enquanto tenta contactar com um veterinário. Enrole os gatinhos em cobertores e coloque-os dentro de uma caixa ou cesto, onde possam estar bem acondicionados. Tenho cuidado para que eles não sufoquem: é necessário que a caixa não fique fechada e que o ar circule.Se o tempo estiver frio, pode ter que colocar uma botija de água quente por baixo dos cobertores, mas de forma a que o calor não queime os gatinhos.



Tudo o que possa ler não subsistitui a deslocação ao veterinário, que observando os gatinhos lhe dirá exactamente como proceder.A ida ao veterinário é urgente e não pode deixar para o dia seguinte: um gatinho pode morrer em menos de 24 horas.Naturalmente que o ideal é tentar encontrar uma gata mãe que tenha tido filhotes e que aceite o(s) gatinho que encontrou.



Nestes casos, se aninhada for muito grande, o mais certo é que seja necessário compensar com alguns biberões, porque o leite da mãe pode não ser suficiente, sobretudo para os mais frágeis da ninhada.Mas encontrar uma gata mãe adoptiva não é a situação mais frequente, por isso, prepare-se para ser mãe substituta durante os 2 primeiros meses de vida dos bichanos (caso fique com algum, esse será o papel de uma vida).

É impossível salvar um bebé que não lhe der a alimentação adequada com a periodicidade também adequada, normalmente de 3 em 3 horas. Não pode pensar que basta dar-lhe qualquer comida que encontra no supermercado,tem que se dirigir a um veterinário para aconselhamento e para aquisição da alimentação correcta.Ao contrário do que muita gente pensa, o leite que os humanos ingerem é prejudicial à saúde do gatinho e pode matá-lo.Tem que dar-lhe leite próprio, que na fase inicial da vida do gatinho, não pode ser o leite que existe nos supermercados, mas sim um verdadeiro substituto do leite da mãe, que existe à venda em casas especializadas de produtos para animais ou veterinários.

Assim, será necessário dar biberão aos pequenos gatinhos mais ou menos de 3 em 3 horas, nas quantidades que lhe serão indicadas pelo veterinário e que constam das instruções que acompanham as embalagens de leite.Caso o veterinário aconselhe, também pode dar alguns complementos alimentícios para um crescimento saudável, por exemplo vitaminas e cálcio.

A partir da quarta semana, os gatinhos começam a ganhar os primeiros dentes é nesta altura que é possível começar a introduzir ração para iniciar o processo de transição entre o leite e outro tipo de alimentação.A fase de mudança do tipo de alimentação deve ser feita gradualmente, com muito cuidado e atenção. Nunca pode ser feita de forma brusca, porque o organismo do gatinho pode não aceitar bem e provocar por exemplo diarreias, que podem ser mortais nesta fase da vida.



Os gatinhos possuem estômagos pequenos, portanto é essencial que sejam pouco alimentados mas com muita frequência. À medida que eles crescem, as refeições aumentam em quantidade e podem tornar-se menos frequentes.Com 6/8 semanas o gatinho come com autonomia. Se for saudável, não tem que ter nenhuma preocupação especial, deve proporcionar-lhe comida de gato adequada, ter sempre disponível água fresca e estar disponível para lhe dar atenção nas brincadeiras e na troca de mimos.Nesta altura pode sentir-se descansado: a fase critica foi ultrapassada e conseguiu salvar um gatinho da morte.



A alimentação é determinante, mas não é o único factor a ter em conta neste processo. Outros cuidados e atenções se impõem:
• Minimize o stress do(s) gatinho(s): naturalmente que eles sofrem com a separação da mãe (e se tiver ficado apenas um gatinho, ele vai sentir-se muito só); tente colocar o gatinho num sitio tranquilo, e evite mudanças;
• Prepare uma caminha confortável, num lugar que tenha temperaturas amenas.• Se os gatinhos tiverem cerca de 2 semanas, pode colocar logo um tabuleiro baixinho, com areia própria, para que ele possa tentar fazer as suas necessidades; pode acontecer que nos primeiros dias ainda exista alguma dificuldade em acertar no sítio certo, mas verá que sem esforço nenhum o gatinho começa a utilizar a areia.
• Deve ter o cuidado de observar se o gatinho está a fazer as necessidades fisiológicas com regularidade e normalidade, caso verifique alguma anomalia deve ir de imediato ao veterinário.
• Relativamente às necessidades fisiológicas do jovem gatinho, há algo da maior importância e que em regra não é do conhecimento das pessoas, mesmo de muitas que possuem gatos: os gatinhos pequenos só fazem as necessidades quando são estimulados pelas lambidelas da mãe. Por isso vai ter que substituir a gata mãe nessa função: com um pequeno algodão embebido em água morna, massaje a barriguinha do gatinho (o veterinário poderá explicar-lhe correctamente como o fazer). Desta forma, até aproveita para limpar alguns resíduos de leite (e mesmo fezes e urina) que se tenham agarrado ao pelo do seu protegido. Os gatinhos gostam destas massagens e geralmente ronronam. Este é também um momento em que deve falar carinhosamente com o pequenino, que se vai socializando e aprendendo a amar os humanos.
• Não se esqueça de limpar com regularidade os cobertores e panos em que os gatinhos estão, porque eles vão sujá-los enquanto não souberem utilizar o caixote (em regra, o caixote funciona às 3 semanas de vida).
• Não junte os gatinhos a outros gatos que tenha em sua casa: em primeiro lugar porque não sabe se o novo habitante é ou não portador de alguma doença e em segundo lugar, tem que perceber que os gatos residentes irão reagir mal ao novo habitante, pois este está a evadir o espaço já devidamente conquistado e delimitado. Portanto terá que os manter separados pelos menos durante 3 a 4 semanas. Depois deste período fará a integração dos gatos de forma gradual, deixando que se aproximem, que se cheirem e que dividam o espaço entre eles.
• Não se esqueça que os gatinhos adoram brincar e quando começarem a abrir os olhinhos e deixarem de dormir 23 horas por dia, vão ocupar o tempo que estiverem acordados brincando com tudo o que tiverem à frente. Ver um gatinho brincar é algo delicioso. Não se esqueça de lhe proporcionar 2 ou 3 brinquedos.
• Se o gatinho que levou para casa já for um pouco maiorzinho, pode acontecer que ele se esconda no início, pois está assustado e procura desesperadamente segurança. Mas normalmente passados 2 ou 3 dias a aproximação acontece e verá que tudo se resolve com muitas festinhas e uns ronrons. Parece claro que a sobrevivência de um gatinho recém-nascido não é fácil, exige muita dedicação e carinho e um bom aconselhamento médico. Se o seu 6º sentido lhe disser que alguma coisa não está normal com o gatinho, não hesite em contactar o veterinário: poderá estar a salvar-lhe a vida.Amor e atenção permanentes são a chave para a sobrevivência de gatinhos órfãos.Mas quando os gatinhos forem adoptados por novas famílias, vai ficar para sempre com a recordação dos dias/semanas em que assistiu ao esforço que aquele ser tão frágil desenvolveu para contrariar a lei da natureza, dos seus primeiros passos cambaleantes, das gracinhas e brincadeiras e acredite que todo o seu esforço valeu a pena.