Coelho

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Tem coelho em casa? Aprenda a cuidar dele

O médico veterinário Igor Magno tem pós-graduação em animais silvestres e recomenda a adoção de coelhos como animais de estimação, mas identifica um problema na alimentação dos bichinhos quando domesticados. 

— Em 98% dos casos, vejo um erro na alimentação do coelho. As pessoas costumam dar ração quando, na verdade, esses animais precisam se alimentar de fibras longas como capim e feno de alfafa em rama — diz ele, salientando que esse tipo de alimento pode ser encontrado em agropecuárias.

Igor recomenda uma alimentação baseada em 80% de fibras longas, 20% de ração especial para coelhos encontrada em agropecuárias e a complementação do cardápio com folhas verdes escuras como couve, agrião e rúcula, por exemplo. 

A cenoura até pode entrar no cardápio, mas só de vez em quando, conforme orienta o veterinário. A comida deve ser ofertada durante todo o dia porque o organismo dos coelhinhos precisa estar em constante trabalho. 

— Os coelhos não podem comer frutas ou verduras de folhas claras. A preocupação com a alimentação é necessária para a saúde do animal e também para o controle no crescimento dos dentes — explica o especialista. 

É que os coelhos são lagomorfos e não roedores. Isso quer dizer que eles são mamíferos que têm o crescimento contínuo dos dentes e precisam de uma alimentação adequada para desgastar esses dentes que não param de crescer. 

Quem cria coelho em casa precisa, ainda, levar o bichinho para desgastar os dentes no veterinário. 

— Quando os dentes da frente começam a crescer é porque os detrás já estão longos — diz Igor.

O crescimento dos dentes varia de animal para animal e tem muita influência da genética, então, mesmo com alimentação adequada eles podem sofrer com isso. 

O crescimento desordenado desses dentes pode causar problemas na face, olhos e maxilar. Além disso, os coelhos são animais com ossos muito frágeis e que quebram com facilidade.

Por isso, não é recomendado que se dê banho neles em casa e tenha-se cuidado ao pegar o bichinho. 

— Ele mesmo pode quebrar a própria coluna se uma pessoa o estiver segurando pelo tronco e ele fizer movimentos bruscos com as patas e corpo para sair da posição. De vez em quando atendo coelhos com fraturas — conta Igor. 

Por também serem animais considerados de abate, os coelhos são usados em pesquisas para medicamentos e experiências em escolas de medicina. Aqui mesmo, em Joinville, uma universidade utiliza os animais para que os alunos realizem cirurgias. 

Depois do procedimento, eles sacrificados ou adotados. Para Igor, que supervisiona esses procedimentos, nenhum animal deveria ser usado em experiências. 

— Acho que a lei deveria ser para todos. Se outros animais não podem ser usados para experiências e testes, os coelhos também não deveriam — defende Igor. 

Se a vontade de adotar um coelho está instalada na família, a recomendação do médico veterinário é para que todos os aspectos dessa adoção sejam analisados para que o bichinho não seja abandonado depois, fato muito comum depois da Páscoa. 

Igor diz que é preciso se informar, ler sobre o animal, falar com um médico veterinário e saber todas as questões que envolvem a adoção do animal. 

— Pegar o bicho sem ter conhecimento, faz com que as pessoas se frustrem e abandonem o animal, o que pode causar desequilíbrios na natureza porque o coelho não é como o cachorro e, em geral, se esconde nos matos o que dificulta o controle.

CONHEÇA OS ORELHUDINHOS 

- Os coelhos até comem cenoura e gostam muito, mas esse não deve ser o alimento preferencial deles. 

- Apesar dos dentes grandes, os coelhos não são roedores, são lagomorfos, mamíferos com crescimento contínuo dos dentes incisivos, e podem ter problemas de saúde com esse crescimento. 

- São presas na natureza e só é recomendado que dividam espaço com gatos porque os cachorros podem machuca-los.

- Para frear o crescimento dos dentes, os coelhos roem de tudo e, em casa, é preciso cuidar com fios elétricos que, com certeza, serão alvo dos dentucinhos.

- Se bem tratado, o coelho pode viver entre sete e oito anos.

- Cunicultura é o nome que se dá à criação de coelhos. 

- O coelho tem um amplo campo de visão.

- Devem comer capim e feno de alfafa, prioritariamente, e ração especial também. A comida deve ser ofertada o dia inteiro porque o organismo dele precisa ficar em constante trabalho. 

- Eles comem as próprias fezes e isso é natural e saudável. Mas não são todas. As únicas fezes que eles ingerem são aquelas liberadas por volta das 5 horas e o processo faz parte do metabolismo desses animais e é importante para a absorção de nutrientes. 

- É recomendado castrar as fêmeas se elas não forem usadas para reprodução porque esse animais podem desenvolver problemas de infecção uterina e tumores mamários.

- São animais muito estressados e ariscos e o ideal é deixa-los quietos sem forçar brincadeiras ou atividades.

- O banho só deve ser dado se o coelho se sujar. A recomendação é que esse procedimento seja feito em uma clínica com a sedação do animal porque ao tentar se soltar o coelho pode sofrer fraturas, já que seus ossos são muito frágeis. 

- Não devem ser alimentados com frutas.

- Como rói de tudo, o coelho pode destruir chinelos e outros objetos, mas ele não vai ingerir o material. A intenção mesmo é só roer. 

- A cada dois ou três meses, o coelho deve ser levado a uma clínica veterinária para ser feito o desgaste dos dentes. 

- As vacinas para os coelhos são as mesmas básicas para gato e cachorro como as anuais de raiva, por exemplo.